Jovem de Porto Velho que sobreviveu ao coronavírus perdeu pai, mãe, irmão, vô e tio em menos de 6 meses
Taiara Aguileira perdeu a mãe, o irmão, padrasto, tio e avô para a doença. 'É muito ruim continuar no mundo sozinha', diz
Uma jovem de Porto Velho (RO) vive um dos piores dramas de sua vida nos últimos meses: o pai, a mãe, o avô, o irmão e o tio dela morreram em decorrência da Covid-19 em menos de seis meses.
Ao EUIDEAL, Taiara Aguilera, de 27 anos, conta que todos os membros da família pegaram a doença e, em alguns parentes, ela se agravou bruscamente de um dia para o outro.
Avô, mãe e tio de Taiara, vítimas da Covid-19 — Foto: Arquivo pessoal/Taiara
O pai dela, Evangivaldo Colares de Assunção, de 52 anos, foi contaminado com a doença e após complicações precisou ser transferido para um hospital do Rio de Janeiro, em uma UTI área, devido a falta de leitos de em Rondônia. Taiara relata que ele sentia muita falta de ar e fraqueza.
O irmão, Guilherme Colares, de apenas 23 anos, não tinha nenhuma comorbidade. Conforma divulgado pelo EUIDEAL há uns meses atrás, o jovem foi voluntário na luta contra Covid-19 e ajudou a limpar vários leitos de UTI e montar hospitais de campanha em Porto Velho, no início da pandemia no estado. Guilherme ficou com 50% do pulmão comprometido e faleceu em fevereiro de 2021. Ele chegou a ser transferido para uma UTI em Curitiba pela falta de leito em Rondônia, mas não resistiu.
Ainda em vida, Taiara e família no velório da mãe. /Foto: Arquivo pessoal
O avô de Taiara, de 75 anos, foi a primeira vítima da família. Ele foi internado no Hospital Cemetron e ficou intubado durante duas semanas, mas veio a óbito..
A mãe era enfermeira e atuava na linha de frente. Maria Eunice Aguilera de Souza, de 46 anos, ficou internada no Hospital SAMAR, em Porto Velho, ela faleceu ainda no início da pandemia. Ela contraiu o vírus, mas permanecia estável em relação aos sintomas até então. Segundo a filha, ela piorou de um dia para o outro. O tio, Andrevaldo Aguilera, de 44 anos, ficou internado no Hospital SAMAR.
"A gente perde o sentido da vida.
É muito ruim continuar no mundo
sozinha", desabafa.
O choro de Taiara se une às mais de 4 mil famílias que perderam alguém para a Covid-19 até março de 2021 em Rondônia.
"A minha família, como milhares
fazem parte da triste estatística
das vítimas dessa doença, só Deus
sabe o que eu passei e estou
passando com tudo isso. Perdi
as pessoas que eu mais amo.
Quando a avalanche chegou, levou
tudo e aí já foi tarde demais.
Tem dias que a força acaba e
não consigo recarregar", comenta.
Hoje Taiara procura forças para cuidar de seu filha de 8 anos e os dois irmãos mais novos que com a morte dos pais estão sob sua responsabilidade.
"Tenho vivido um dia de cada vez.
Tem dias que não tenho vontade
de levantar da cama, já outros
consigo aceitar melhor. Ainda
não entendi, mas aos poucos
vou aceitando e procurando
forças nos meus dois irmãos
[um de 13 anos e o outro com 9]
que ficaram sob minha
responsabilidade e minha filha.
Agora somos só nós", diz.
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