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Porto Velho,28/03/2024

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Prefeitura de Santo André afasta médico acusado de homofobia ao atender paciente gay com suspeita de varíola dos macacos

Fonte: g1.globo.com
Prefeitura de Santo André afasta médico acusado de homofobia ao atender paciente gay com suspeita de varíola dos macacos



Médico de UPA de Santo André não aceitou quando paciente respondeu que era HIV negativo, e insistiu na pergunta. Prefeitura lamentou caso, disse que conduta do profissional será apurada e afastou o médico dos plantões em equipamentos municipais durante o processo. Fachada da UPA Central de Santo André, na Grande São Paulo
Reprodução/Google Maps
A prefeitura de Santo André anunciou neste sábado (30) que afastou o médico que foi acusado de preconceito no atendimento a um paciente gay com suspeita de varíola dos macacos. A prefeitura informou que, "assim que tomou conhecimento dos fatos, iniciou processo de apuração" e que, "durante este processo, o médico permanecerá afastado dos plantões nos equipamentos municipais de saúde".
O ator Matheus Góis, de 23 anos, relatou ter sido vítima de homofobia durante o atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santo André, na Grande São Paulo, na segunda-feira (25). Mesmo após negativa, o médico insistiu em querer saber se ele era portador do vírus HIV, e questionou se ele tinha certeza de sua condição.
O caso ocorreu na UPA Central de Santo André, onde o paciente esteve após ser encaminhado pelo Centro Médico de Especialidades da Vila Vitória, também em Santo André.
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Matheus foi direcionado à UPA Central após uma médica do Centro de Especialidades informá-lo da suspeita de monkeypox, também conhecida como varíola dos macacos, já que o Centro de Especialidades não tem testes para esse tipo de diagnóstico.
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Em entrevista ao g1, Góis contou que o médico da UPA Central perguntou o que ele fazia no Centro Médico de Especialidades da Vila Vitória, e questionou se ele "tem doença", em referência à infecção pelo vírus HIV.
"A primeira pergunta que ele fez foi: o que você estava fazendo lá [no Centro de Especialidades]? Aí eu falei, nada, eu fui me consultar para fazer a testagem de sífilis. Aí ele falou: você tem doença? Qual é a sua sorologia?", contou Góis.
"Eu na mesma hora falei assim, ó, eu sou negativo, HIV negativo. Aí ele falou: 'tem certeza que você é? Porque se você estava lá [no Centro de Especialidades], você tem alguma doença? Eu perguntei assim: que doença?' Aí ele disse: 'é, doença, mas deixa pra lá, eu vou mandar para a enfermeira aqui, e ela vai saber resolver. E sai, sai, sai da minha sala, por favor, sai", contou o paciente.
O g1 questionou a prefeitura de Santo André sobre o atendimento recebido pelo paciente com suspeita de monkeypox na UPA Central. Em nota, a prefeitura disse que "lamenta o ocorrido" e que "se comprovada conduta preconceituosa, o médico será severamente punido" (veja a nota completa abaixo).
Na última quarta, o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselhou que homens que fazem sexo com homens – como gays, bissexuais e trabalhadores do sexo – reduzam, neste momento, o número de parceiros sexuais para diminuir o risco de exposição à varíola dos macacos (monkeypox).
Na fala de abertura em uma entrevista sobre a doença, Tedros Adhanom Ghebreyesus também reforçou que "estigma e discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus e podem alimentar o surto".
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Encaminhamento médico
Matheus procurou inicialmente a UPA Vila Luzita, também em Santo André, na manhã de segunda (25), com sintomas como dores nas costas e na região anal, além de feridas espalhadas pelo corpo.
Na unidade, a equipe suspeitou de sífilis, e o direcionou para o Centro de Especialidades Vila Vitória para que ele realizasse um exame da doença.
No Centro de Especialidades Vila Vitória, a equipe começou a suspeitar de varíola dos macacos, e orientou o paciente a ficar em isolamento. Matheus foi informado sobre o resultado negativo do exame de sífilis, e encaminhado para a UPA Central para fazer o teste de monkeypox.
O jovem já fazia acompanhamento no Centro de Especialidades para receber a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), medicamento que previne a infecção do vírus HIV e é indicado para grupos considerados de maior risco, como gays, homens que fazem sexo com outros homens (HSH), profissionais do sexo, homens trans, mulheres trans e travestis.
Ele acredita que o tratamento que recebeu do médico na UPA Central ocorreu, em parte, porque ele havia sido encaminhado por uma unidade de saúde que atende pacientes com Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), entre outros públicos.
"Já no meu prontuário estava dizendo que eu vim do Centro de Especialidade, e esse centro trata de ISTs, entre outras coisas. Tanto que eu estava fazendo um acompanhamento de Prep também", contou Matheus.
"Ele logo me perguntou se eu tinha 'doença', então ele sabia que eu era gay, ele sabia já", disse.
Diagnóstico de monkeypox
Após o atendimento do médico, que pediu que ele saísse da sala, Matheus foi recebido por enfermeiras da UPA Central, que coletaram uma amostra para o exame de varíola dos macacos e o orientaram a ficar em isolamento.
O ator, de 23 anos, contou que não recebeu nenhuma prescrição médica para tratar, em casa, a dor ou as feridas pelo corpo. Ele foi orientado apenas a ficar isolado, e aguardar o resultado do exame, que chegou nesta sexta (29) e foi positivo pra monkeypox.
"Eu não tenho orientação, não tem um 'passa uma pomadinha, toma um remedinho, faz assim'. Eles não me orientaram a isso, então você fica assustado. Você se automedica na dor que você sente", disse Matheus.
Na noite de quinta-feira (28), ele postou nas redes sociais um relato do diagnóstico de monkeypox e também do atendimento médico que recebeu em Santo André.
Ao g1, Matheus disse que, após a publicação, recebeu apoio de muitos desconhecidos, mas também foi novamente alvo de preconceito de outros internautas.
"Eu fiz esse relato e a comunidade também me apoiou. Me senti acolhido ali, mas eu vi muitos relatos cruéis também", disse.
"Tinha comentários falando que tá transando demais, tá saindo muitas pessoas, e eles nem sabem a quantidade de parceiros. Foi três semanas atrás que eu tinha transado com a última pessoa, mas mesmo assim as pessoas já vão associando essa doença com uma suposta promiscuidade, com uma libertinagem que os gays têm, e vão reforçando sempre esse discurso", afirmou.
Orientação da OMS
Nesta semana, o diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselhou que homens que fazem sexo com homens – como gays, bissexuais e trabalhadores do sexo – reduzam, neste momento, o número de parceiros sexuais para diminuir o risco de exposição à varíola dos macacos (monkeypox).
Esta orientação, no entanto, foi criticada por ativistas do movimento LGBTQIA+, que destacaram o risco de estigmatização deste público durante a epidemia de varíola dos macacos.
Tedros Adhanom destacou que, "embora 98% dos casos até agora estejam entre homens que fazem sexo com homens, qualquer pessoa exposta pode pegar a varíola dos macacos".
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Além da transmissão por contato sexual, a doença também pode se espalhar nas residências por meio do contato próximo entre as pessoas, como abraços e beijos, e em toalhas ou roupas de cama contaminadas.
Em entrevista ao g1, o paciente da UPA Central, Matheus Góis, também questionou a orientação da OMS, mas disse que é importante que haja uma comunicação eficaz dos métodos de prevenção da doença.
Para ele, o atendimento que recebeu do médico reflete a estigmatização do público LGBTQIA+ como portadores de doenças.
"É importante, sim, saber tomar cuidado", afirmou.
"Acho que a discussão deve ser sobre a forma que isso é dito. A gente não tá falando de não cuidar de uma questão sanitária, mas a forma que é dita. Acho que a gente vive um momento em que temos ter, sim, cuidado com as palavras, ainda mais hoje", disse Matheus.
Veja a nota da Prefeitura de Santo André:
A Prefeitura de Santo André, por meio da Secretaria de Saúde, lamenta profundamente o ocorrido e esclarece que, assim que tomou conhecimento dos fatos, iniciou processo de apuração. Durante este processo, o médico permanecerá afastado dos plantões nos equipamentos municipais de saúde.
Informamos, ainda, que temos 3 (três) pacientes que obtiveram completo sucesso no tratamento contra Monkeypox e se recuperaram plenamente, outros 11 (onze) seguem em isolamento domiciliar, em tratamento integral e monitoramento da Secretaria Municipal de Saúde.
Todos os atendimentos são realizados com total discrição, responsabilidade, humanização e acolhimento.
Há um mês profissionais da rede de saúde pública e privada receberam capacitações sobre os protocolos, condutas e encaminhamentos a respeito da Monkeypox oferecidas por nossa Secretaria Municipal de Saúde.
Importante informar também que o primeiro caso suspeito em nossa cidade, no dia 2 de junho, teve acompanhamento e tratamento integral oferecido pela Secretaria de Saúde de nosso município, tendo o paciente o completo sucesso no tratamento.
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