“Tragédia anunciada”: Advogado ambiental critica descumprimento de condicionantes na Usina de Santo Antônio após fala de Marina Silva

PORTO VELHO (RO) – A recente declaração da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reacendeu o debate sobre os impactos socioambientais da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, em Porto Velho. Em entrevista a veículos nacionais, Marina afirmou: “A gente deu a licença, com as condicionantes. Depois que eu saí, tiraram as condicionantes.”
A fala foi recebida com preocupação por ambientalistas e representantes de comunidades ribeirinhas. Em entrevista ao jornal Eu Ideal, o advogado ambiental Dr. Castro Alves, que atua na defesa de populações tradicionais da região, fez duras críticas ao empreendimento e ao descaso com as exigências ambientais.
Condicionantes ignoradas e impactos reais
Segundo o Dr. Castro Alves, foram impostos 33 condicionantes para que o complexo hidrelétrico fosse licenciado e executado, visando mitigar os impactos socioambientais da obra. No entanto, segundo ele, “o empreendimento não cumpriu as condicionantes, e isso gerou consequências graves para a região.”
Entre os efeitos listados pelo advogado estão desbarrancamentos, inundações recorrentes, comunidades ribeirinhas isoladas e prejuízos à biodiversidade local. “O que vivemos hoje é uma tragédia anunciada. Na época, muitos especialistas alertaram que os estudos feitos pela Santo Antônio Energia estavam subdimensionados. Mesmo assim, por pressão política, a obra foi autorizada e construída”, destacou.
Contexto histórico e omissão de responsabilidades
A usina de Santo Antônio começou a ser construída em 2008, e desde então, moradores de diversas áreas próximas ao rio Madeira relatam perdas de casas, plantações e acesso à água potável. Para Dr. Castro Alves, a retirada das condicionantes após a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente contribuiu para o colapso ambiental que se desenha na região.
Ele ainda defende que o poder público retome o debate sobre a responsabilidade do consórcio Santo Antônio Energia e que medidas urgentes sejam adotadas para reparar os danos causados às comunidades afetadas.
“Não é possível que um empreendimento dessa magnitude continue operando como se nada tivesse acontecido. É hora de responsabilizar e exigir reparação.”, concluiu.
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