Juan Pantoja
Redano e a herança que pode virar escândalo

Nos bastidores do poder, há um ditado silencioso que ronda os corredores da Assembleia Legislativa de Rondônia: quem entra sabendo, sai respondendo. E a atual gestão do presidente Alex Redano, recém-empossado no comando da Casa, já começou cercada de alertas.
Não é segredo para ninguém que a ALE/RO virou uma bomba-relógio. O que antes era cochichado apenas entre servidores mais antigos agora corre solto por toda Porto Velho — existe uma operação iminente a caminho, e não é boato. A expectativa já virou até bolão dentro de órgãos de controle: “quando será?” e não mais “se vai acontecer”.
Há contratos que gritam por atenção. Alguns chamam atenção pelo valor, outros pela falta de clareza, e vários pela reincidência de empresas com histórico duvidoso. A atual presidência da Assembleia foi avisada por servidores de carreira, pessoas que conhecem cada vírgula da burocracia interna, além de membros influentes de outros poderes. A orientação foi direta e objetiva: “cancele o que for suspeito agora, ou arque com as consequências depois.”
Alex Redano tem um perfil político diferente da maioria de seus antecessores. É conhecido por ser conciliador, tranquilo, pacificador e avesso ao holofote. Prefere os bastidores à exposição e, até aqui, tem conseguido manter uma imagem serena e de equilíbrio dentro do Legislativo. Essa postura o fez se destacar como uma liderança respeitada entre os pares e também junto ao Executivo.
Até o momento, ele compõe o grupo seleto de presidentes da ALE que ainda não figuraram em escândalos ou operações policiais. Junto com Laerte Gomes e Marcelo Cruz, mantém a blindagem institucional que, no atual cenário, vale ouro. Mas essa imunidade é tênue, e o histórico da Casa mostra que quem ignora os sinais termina exposto — e, muitas vezes, preso.
A partir do momento em que se tem conhecimento de irregularidades — ou mesmo de fortes indícios — a omissão deixa de ser neutra e passa a ser uma escolha.
A presidência da ALE exige mais do que articulação política: exige decisões firmes diante de temas sensíveis e às vezes indisposição até com os próprios pares. Redano ainda tem todas as ferramentas para agir com transparência, cautela e responsabilidade institucional. O momento em que Rondônia vive, com essa leve instabilidade institucional, pede sensatez e atenção redobrada com cada assinatura, cada contrato, cada renovação.
A confiança pública se mantém com atitudes claras e coerentes. E é exatamente agora que o presidente pode mostrar que seu perfil pacificador também é capaz de tomar decisões firmes, sem perder o controle.
O que, de fato, não é fácil.
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