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Porto Velho,28/03/2024

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Madeira Mamoré, 'A Ferrovia do Diabo na Amazônia': mais de 10 mil vidas ceifadas para a construção

No início do século XX, o governo brasileiro construiu uma ferrovia de 360 quilômetros de comprimento que atravessava a Amazônia até a fronteira com a Bolívia. Mais de 20 mil homens, de 25 nacionalidades, trabalharam na construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, utilizada para transportar a borracha que era extraída da selva.

Fonte: Reprodução
Madeira Mamoré, 'A Ferrovia do Diabo na Amazônia': mais de 10 mil vidas ceifadas para a construção

No início do século XX, o governo brasileiro construiu uma ferrovia de 360 quilômetros de comprimento que atravessava a Amazônia até a fronteira com a Bolívia. Mais de 20 mil homens, de 25 nacionalidades, trabalharam na construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, utilizada para transportar a borracha que era extraída da selva. A ferrovia nunca teria registrado acidentes de trem ou descarrilamentos, mas mesmo assim deixou um saldo macabro. Estima-se que entre 8 mil e 10 mil pessoas tenham morrido durante a construção da grande obra.



A construção da estrada fazia parte do tratado de Petrópolis selado com a Bolívia em 17 de novembro de 1903, após o Brasil ter comprado daquele país o território do Acre. No acordo, os brasileiros se comprometeram a construir a ferrovia Madeira-Mamoré em um prazo de quatro anos. A obra começou a ser construída em 1907 e o último trecho foi concluído em 30 de abril de 1912. 

Mas a ideia da construção da ferrovia é anterior, havia surgido no ano de 1861 por conta da necessidade de aumentar produção da colheita do látex devido ao alto preço da borracha no mercado mundial e à ocupação do Vale do Guaporé pelos portugueses. O empreendimento foi originalmente assinado em 1877 pelos irmãos Philips e Thomas Collins, vindos dos Estados Unidos. No ano seguinte partiram da Filadélfia com engenheiros, demais trabalhadores e toneladas de máquinas, ferramentas e carvão mineral. No entanto, em janeiro de 1879 foi decretada a falência da empresa Collins.

O engenheiro Percival Farquhar (1864-1953), também originário dos EUA, considerado um dos maiores empresários da história do Brasil, foi um dos responsáveis por assumir o empreendimento durante os anos de 1907 a 1912. O objetivo era atravessar os estados do Amazonas e Rondônia, passando pela fronteira do Mato Grosso. O trem seguiria um trajeto de cerca de 350 quilômetros entre perigosas corredeiras e cachoeiras da maior floresta tropical úmida do mundo.



Os operários enfrentaram a insalubridade, fome, doenças como malária e disenteria, além da falta de medicamentos. As condições de trabalho precárias eram minimizadas e naturalizadas pelos investidores como um preço a ser pago em benefício do progresso. Uma lenda diz que cada dormente da estrada de ferro representa a morte de um trabalhador durante a construção. Esse foi um dos motivos pelos quais ela ficou conhecida como a Ferrovia do Diabo.

A Madeira-Mamoré foi inaugurada em 1912, mas, só daria lucro nos dois primeiros anos de atividade. Isso aconteceu devido à queda vertiginosa da participação brasileira no mercado da borracha, decorrente da ascensão da concorrência asiática que oferecia um produto de qualidade e de mais fácil extração. Logo, as atividades de Farquhar na Amazônia entraram em falência. Em 1937, a mando do presidente Getúlio Vargas, Aluízio Pinheiro Ferreira assume a direção da ferrovia. Por fim, em 1966, Humberto de Alencar Castelo Branco, primeiro presidente a assumir após o golpe militar, determina a erradicação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, após 54 anos acumulando prejuízos. Atualmente a ferrovia segue rodeada de mato.

Comfira abaixo mais imagens da construção da ferrovia:


Acampamento de trabalhador, cerca de 1909-1910


Engenheiros e topógrafos dos EUA, cerca de 1909-1910




Trabalhadores orientais


Trabalhador indiano




Fontes: Biblioteca NacionalG1 e Clarín

Imagens: Shutterstock.com, Biblioteca Nacional, Coleção Dana B. Merril (Cortesia Carlos E. Campanhã)/Museu Paulista da USP, via Imigração Histórica e Arquivo Nacional, via Wikimedia Commons







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