Por Leonardo Prata – Sócio da Aiko Contabilidade

O Brasil voltou a aparecer com destaque — mas, infelizmente, por um motivo negativo: está entre os países com pior burocracia do mundo. Segundo levantamento da consultoria suíça Horizon Group, publicado pela revista Exame, o país ocupa a 9ª posição no ranking global de nações onde a burocracia mais atrapalha a economia. Estamos atrás apenas de locais com severos colapsos econômicos e políticos, como Venezuela, Argentina e Coreia do Norte.

A realidade do empreendedor brasileiro é a de alguém que tenta subir uma ladeira com o freio de mão puxado. Exigências redundantes, processos lentos e pouca integração entre sistemas públicos transformam o ato de empreender em um obstáculo contínuo. Isso vale tanto para pequenos negócios quanto para grandes empresas. A burocracia, neste contexto, age como um freio invisível que drena a competitividade, desestimula investimentos e bloqueia ideias que poderiam virar empregos.

Embora a Lei da Liberdade Econômica, sancionada em 2019, tenha prometido desburocratizar o ambiente empresarial, seus efeitos foram limitados e desiguais, dependendo da adesão de estados e municípios. A reforma tributária em andamento, por sua vez, ainda gera dúvidas: será que trará simplificação real ou apenas um novo labirinto burocrático?

A verdade é que a burocracia virou um imposto silencioso. Só conseguiremos mudar esse cenário com uma política pública séria de modernização da máquina estatal, tecnologia de verdade, processos mais simples e segurança jurídica. Enquanto isso não acontece, o Brasil continuará no topo dos rankings errados — mas também seguirá resistindo, graças à força de seus empreendedores.