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Porto Velho,05/06/2025

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Juan Pantoja

A conta não fecha: Festival do Governo Federal com show de Lenine, orçado em R$ 5 milhões, usou palco de evento da Prefeitura e levanta dúvidas sobre gastos públicos

Divulgação
A conta não fecha: Festival do Governo Federal com show de Lenine, orçado em R$ 5 milhões, usou palco de evento da Prefeitura e levanta dúvidas sobre gastos públicos

Um evento com mais de R$ 3 milhões já captados via Lei Rouanet — e autorização para movimentar até R$ 5,8 milhões em recursos públicos federais — não deveria passar despercebido pela população. Mas foi exatamente isso que aconteceu com o Festival dos Povos da Floresta, realizado em Porto Velho com apoio da Petrobras, do Ministério da Cultura e de outros entes federativos. O festival, que teve apenas uma atração nacional confirmada, o cantor Lenine, levanta sérios questionamentos sobre a transparência, coerência nos gastos e retorno social efetivo.

O ponto mais contraditório está no que normalmente é o item de maior custo em eventos desse porte: o palco principal. Segundo apuração do EuIdeal.com, a estrutura utilizada foi a mesma contratada pela Prefeitura de Porto Velho para o Arraial Municipal, com custo de apenas R$ 40 mil, incluindo gerador e montagem. Um valor modesto frente ao montante total arrecadado.

Além disso, o festival ocupou espaços de alto custo, como estandes e exposições em shopping center, com a presença institucional de órgãos como o Ministério da Cultura e Petrobras. Ainda não se sabe quanto foi pago por essas instalações, nem quanto cada prestador de serviço recebeu.

Outro ponto que chama a atenção foi a quantidade de pessoas identificadas como “produção”, circulando pelo evento. Era possível ver centenas de pessoas com camisas do staff indo de um lado para o outro, muitas sem função visível ou atribuída. Um cenário que levanta suspeitas sobre o possível inchaço na folha de pagamento de pessoal temporário — algo comum em eventos financiados com recursos públicos, mas que exige controle rigoroso e prestação de contas transparente.

O contraste se torna ainda mais evidente quando lembramos que a Expovel 2024, realizada também em Porto Velho, custou cerca de R$ 2 milhões com recursos de emendas parlamentares estaduais — e contou com shows gratuitos de Naiara Azevedo, Bruno & Marrone e Thaeme & Thiago, além de feira agropecuária e retorno comercial estimado em R$ 2 milhões em negócios.

Buscamos contato com a Fundação Rioterra, responsável pela organização do Festival dos Povos da Floresta, bem como com demais entes envolvidos, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

É importante deixar claro: o problema não está no propósito do evento — valorizar os povos da floresta é um objetivo nobre. A crítica está na falta de transparência, na baixa visibilidade para um evento milionário e em indícios de gastos inflacionados e mal justificados.

A conta não fecha — e o silêncio dos responsáveis apenas reforça essa sensação. Em breve voltamos com mais sobre.



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